terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Espólio de guerra

Nesta terça-feira estava assistindo ao Profissão Repórter, da Rede Globo, sobre o drama das enchentes em Santa Catarina. Nosso planeta era um corpo dócil e livre que queria apenas conviver em harmonia com os outros seres. A humanidade, entretanto, impôs-lhe tantos desatinos que o transformou num ressentido ansioso por revidar os maus-tratos, tal como o potro selvagem que opõe redobrado vigor ao domador insensato. Hoje a natureza age como se estivesse querendo empurrar os bárbaros invasores – nós - para além de suas fronteiras. Durante o programa me peguei refletindo que, apesar da magnitude do desastre, não havia saques. Pois logo em seguida foram mostradas cenas em que um supermercado inteiro havia sido pilhado. O cenário era deprimente, desolador: em meio à lama, à sujeira e aos destroços boiando, as pessoas carregavam o que podiam, às vezes além das suas forças, e algumas alegavam que pegavam todas aquelas coisas porque a ação fora autorizada pelo dono. Pode ser, mas eu duvido. Vejam quão tênues são os liames que mantém coeso o tecido social, e quão assustadores são os efeitos do seu rompimento...

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