quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Liberdade é... não precisar carregar esse trambolho pra lá e pra cá

Oi! Sabem qual é o maior prazer de se estar vivo? É viver sem fronteiras, claro! Pois é, pessoal, fiquei tão empolgado em passar uma semana inteirinha com o celular desligado que vou fazer com ela o mesmo que se faz com a CPMF: prorrogá-la indefinidamente, até enjoar. A despeito mesmo de ter deixado desativado este descartável objeto de desejo, ainda assim respirei sem necessitar de(do) aparelho, os dias, as noites e as estações se sucederam, e em nenhum momento o eixo da Terra teve a sua inclinação afetada. Está certo que o meu levante solitário nem em sonhos abalou o alicerce de sólida prepotência da operadora-opressora, muito menos conseguiu deter o aquecimento global, mas, pelo menos neste período de defeso, não corri o risco de ter as minhas conversas devassadas em algum dos telejornais da noite. Tudo bem, eu sei que vocês vão achar que tudo isso não é nada, que eu deveria me ocupar e preocupar com outros assuntos de maior relevância, e eu concordarei prontamente com vocês que tudo isso é muito pouco, que não é nada, não é nada, não é nada, e que não é nada mesmo.

sábado, 22 de setembro de 2007

Saudades, mana

A Iolanda, lá do seu exílio voluntário na garoa paulistana, e agoniada por não encontrar novas e originais postagens nestas Crônicas, quer saber, por e-mail, se a terra arrasada que grassa à nossa volta se instalara, também, no universo das minhas idéias. Hummm... Tá bom, admito que não possam ter sido bem essas as suas palavras, talvez nem mesmo o espírito delas, mas vamos ficar com a minha versão, e não com o fato. Ió, não pense que eu não me aflijo por não estar oferecendo um serviço de qualidade à altura da minha distinta e diminuta legião de cultuadores, mas é que as vãs inquietações da vida mundana ainda não permitiram que eu pudesse atender, em tempo integral, ao insistente chamado das Musas. Mas, não se turbe o vosso coração. Envidarei todos os esforços no sentido de que os nossos celebrados recursos estilísticos não sofram mais solução de continuidade, e não deixem novamente ao desamparo tão atilada e percuciente observadora. Ponto.

O rato que ruge

Minha prima Aldaleda havia viajado para o Rio, e eu preparara uma mensagem supimpa para ela. Ao tentar enviá-la, fui surpreendido por um aviso da operadora-opressora de que eu não dispunha de créditos suficientes para a remessa, e de que eu deveria fazer uma recarga o quanto antes, do contrário o mundo iria desabar sobre a minha cabeça. Ah, é? Fiquei tão melindrado com essa ingerência indevida na condução do meu próprio destino que, em represália, decidi instituir a semana sabática, na qual deixaria desligado esse desprezível objeto de consumo, uma coisa que até cachorro usa, com o devido respeito a esse nobre animal. Sei que este gesto simbólico não contribuirá para a queda da taxa de juros, nem tampouco fará baixar o preço dos produtos da cesta básica, embora os líderes de governo fiquem frustrados por não dispor deste meio para aconselhar-se comigo sobre as grandes questões mundiais, mas, pelo menos por uma semana, eu me darei o gostinho de provar que o celular foi feito para mim, e não eu para ele.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Terapia do abraço

Toda a minha família estava em uma grande sala, deitada em colchonetes, se preparando para dormir. Era aniversário do Dinho, um dos meus irmãos. Convencionou-se que cada um diria alguma coisa referente à data; eu seria o primeiro. Depois que o burburinho cessou, disse que eu e o Dinho estávamos tão distantes um do outro... Eu queria que nós nos falássemos mais. Ele saiu de onde estava, veio até mim e nos abraçamos. Havia um grande carinho entre nós, o que era de se estranhar, pois o nosso relacionamento sempre foi muito formal. Eu sentia aquele clima amoroso a nos envolver e ficávamos por ali, olhando-nos de soslaio, como se não quiséssemos nunca mais nos apartar. Então ele principiou a falar, e sei que ia me dizer algo importante, mas o sonho acabou.