sábado, 22 de setembro de 2007

O rato que ruge

Minha prima Aldaleda havia viajado para o Rio, e eu preparara uma mensagem supimpa para ela. Ao tentar enviá-la, fui surpreendido por um aviso da operadora-opressora de que eu não dispunha de créditos suficientes para a remessa, e de que eu deveria fazer uma recarga o quanto antes, do contrário o mundo iria desabar sobre a minha cabeça. Ah, é? Fiquei tão melindrado com essa ingerência indevida na condução do meu próprio destino que, em represália, decidi instituir a semana sabática, na qual deixaria desligado esse desprezível objeto de consumo, uma coisa que até cachorro usa, com o devido respeito a esse nobre animal. Sei que este gesto simbólico não contribuirá para a queda da taxa de juros, nem tampouco fará baixar o preço dos produtos da cesta básica, embora os líderes de governo fiquem frustrados por não dispor deste meio para aconselhar-se comigo sobre as grandes questões mundiais, mas, pelo menos por uma semana, eu me darei o gostinho de provar que o celular foi feito para mim, e não eu para ele.

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